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8 dez 2020

Falta de matéria prima prejudica polo moveleiro de Linhares

Na lista de itens em falta estão os principais insumos usados no setor. Aumento nos preços de alguns produtos passa de 100%

 

Passado o período inicial da pandemia, com queda nas vendas do setor moveleiro em março e abril, teve início um forte período de recuperação, a partir de maio, com altas consecutivas nos meses seguintes. Dados do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), apontam que em outubro, a produção de móveis do Brasil está 8% superior ao período pré-pandemia.

 

O aquecimento nas vendas, porém, fez surgir dois problemas: a falta de produtos, e uma escalada de reajuste nos preços. Todos os insumos, usados na indústria moveleira, já estão com um certo grau de dificuldade para aquisição, o que prejudica os fabricantes, por vários motivos. É o que explica o Presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do ES (SINDIMOL), o industrial Bruno Barbieri Rangel.

 

“Todos os insumos já estão com um certo grau de dificuldade para aquisição. Alguns um pouco menos e outros que já estamos tendo que, ou deixar de produzir, ou substituir, como é o caso do alumínio. Essa falta de insumos, além que quebrar o ritmo de produção, gera um desconforto enorme em relação aos compromissos assumidos com o cliente, que acabamos não conseguindo cumprir”, destaca Rangel.

 

Outro problema é o impacto nos preços, causado pela escassez de matéria prima. Alguns itens tiveram reajuste superior a 100%. O empresário Kerliton Modenezi, diz que, a partir de junho, as principais matérias primas sofreram reajustes. “A partir do mês de junho, o mercado se mostrou muito aquecido, o dólar disparou e começaram os aumentos dos insumos. Todos os meses seguintes tivemos reajustes das nossas principais matérias primas, algumas de até 120%, ao longo desse período”, explica Modenezi.

 

O Presidente do Sindimol disse ainda que o consumo hoje está bem acima dá oferta, e para reverter esse quadro é preciso equilíbrio, enquanto isso não acontecer fica difícil fazer alguma previsão de retomada a normalidade. “Na realidade o consumo hoje está muito maior que a oferta, então enquanto essa balança não se equilibrar, vai ficar difícil fazer qualquer previsão de retomada da normalidade na entrega de insumos para indústria moveleira”, concluí o presidente.

 

 

Problema afeta vários seguimentos do setor

Dentre os associados ao Sindimol, não são apenas as fábricas de móveis seriados que sofrem os impactos da falta de matéria prima. Fabricantes de estofados e marcenarias também sentiram os efeitos da crise.

Rafael Motta Boa Morte, sócio e administrador de uma fábrica de estofados em Sooretama, diz que o foi preciso tomar decisões rápidas para contornar a falta de matéria prima e o aumento dos preços que chegou a 100%, no caso da espuma.

“Tivemos que agir muito rápido. Trocamos cores de tecido que não estavam mais disponíveis para compra e negociamos com os nossos clientes essas trocas. Também fechamos parcerias com novos fornecedores para compra de tecidos e espumas.  No caso da espuma, o repasse dos aumentos para as indústrias de estofados beirou 90%, 100%, em alguns casos”, salienta Motta.

Quanto aos clientes, Rafael explicou que foi preciso manter diálogos constantes, no intuito de manifestar a necessidade de reajustar os preços, mesmo com pedidos em carteira, e que esses reajustes eram reflexo do mercado.

Já nas marcenarias o problema mais grave é a falta de ferragens. “Nosso maior problema são as ferragens. Muitos fornecedores já estão sem material para pronta entrega e não tem previsão de quando chega”. Esse é o relato do empresário Emerson Pauli Marinato.

Outra dificuldade, apontada por Emerson, é a falta de estoque de material, uma vez que, geralmente, as marcenarias trabalham com estoques reduzidos, e produtos muito específicos, de acordo com cada projeto.  Além de aumentar o tempo para entrega dos móveis, alguns pedidos precisaram ser recusados, e a margem de lucro encolheu. “No caso de pedidos já fechados, a margem de lucro foi enxugada, e nós ficamos com o prejuízo, uma vez que não tivemos mais como repassar esses reajustes para o cliente”.