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13 jul 2020

Polo moveleiro de Linhares retoma crescimento em meio a pandemia do novo coronavírus

Segundo dados do sindicato da categoria as admissões em junho deste ano cresceram mais de 100% em relação ao mesmo período do ano passado. Vendas também registram crescimento acima do esperado

 

 

Após vários anos amargando sérios prejuízos devido à crise econômica que fechou empresas e causou demissões, 2020 era tido pelos empresários do setor moveleiro de Linhares como o ano da retomada do crescimento. Em março, porém, com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao país, o cenário não parecia tão favorável assim ao crescimento do setor.

 

Mas, para surpresa dos empresários, junho foi um mês atípico. Mesmo em meio a pandemia o volume de vendas foi superior ao mesmo período de 2019, e as contratações tiveram um crescimento superior a 100% em relação ao mesmo período do ano passado, o tem trazido resultados positivos para muitas empresas do polo.

 

Para o presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo, Sindimol, Ademilse Guidini, muitas variáveis estão sendo apontadas para esse crescimento, principalmente a questão do isolamento social, Guidini também cita pesquisa que mostra aumento de venda de móveis pela internet.

 

“Com as pessoas em casa, muitas aproveitaram para investir no conforto de seus lares. Pesquisa divulgada pelo Movimento Compre & Confie em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostrou que a venda de móveis pela internet teve um crescimento de 94,4% nos cinco primeiros meses de 2020, comparado com o mesmo período de 2019, com um faturamento de R$2,51 bilhões. Isso refletiu diretamente na produção das indústrias, impactando também na necessidade de mais pessoas nas fábricas”, aponta o presidente do Sindimol.

Guidini disse ainda que “desde o final de maio já se percebia uma retomada significativa das vendas, o que foi muito importante até mesmo para manter o otimismo para enfrentar mais um momento de crise”.

 

O empresário Bruno Rangel confirma esse aumento nas vendas. Em junho a empresa de Bruno, que produz gabinete para banheiro, vendeu 129% acima da meta estipulada para o mês, e 180% a mais que junho de 2019. Bruno também acredita, assim como Guidini, que o isolamento social é um dos motivos, mas também aponta o auxílio emergencial do governo.

 

“Acredito que toda essa demanda seja em virtude das pessoas que acabaram, devido ao isolamento social, passando mais tempo em casa, e perceberam a necessidade de itens que normalmente não percebiam, e o auxílio emergencial do governo federal que injetou uma grande quantia de dinheiro no mercado”, explica o empresário.

 

No polo moveleiro de Linhares as indústrias de móveis não foram impedidas de trabalhar em nenhum momento, porém muitas empresas, no começo da crise, entre o fim de março e começo de abril, suspenderam as atividades para planejar medidas de prevenção.

 

Previsões para o segundo semestre

Tradicionalmente o segundo semestre é mais favorável para o crescimento das vendas de móveis que o primeiro. Este ano, porém, Guidini diz que mesmo com os números indicando uma retomada no crescimento do setor é preciso ter cautela, e ainda é cedo para fazer projeções de como será o segundo semestre.

“Os números apresentados nos trazem otimismo, mas ao mesmo tempo cautela. Ainda não é possível fazer uma projeção muito precisa do segundo semestre. A pandemia, no primeiro momento, trouxe uma preocupação muito grande e nossas vendas praticamente paralisaram e muitas empresas até demitiram, de repente nos deparamos com esse aumento do consumo, acima de qualquer expectativa, por isso é complicado fazer qualquer previsão ”, enfatiza o industrial.

Pandemia do novo coronavírus mudou a rotina nas fábricas de móveis

Álcool em gel para todos os lados, lugares demarcados no cartão de ponto e refeitórios, mesas distantes umas das outras e uso de máscara mesmo em setores da indústria que dispensam o uso do equipamento de proteção individual. Essa tem sido a realidade nas fábricas de móveis do polo moveleiro de Linhares e em todo país desde que chegou a covid-19. Gastos com prevenção até então não contemplados no orçamento das empresas que precisaram ser incluídos.

“Fomos obrigados a reorganizar nossos processos e adequar as fábricas aos protocolos de segurança que foram estabelecidos, tanto pelos governos quanto pela Organização Mundial da Saúde. E os gastos com prevenção foram inevitáveis. Não havia nenhum tipo de previsão destas despesas nos orçamentos das empresas e foi preciso incluir essa despesa nos custos com a chegada da crise, explicou Guidini.

Sindicato mantém articulações para apoiar os associados

A nova realidade imposta pelo coronavírus exige do Sindimol atenção contínua aos movimentos e tendências do mercado para apoiar seus associados. “Desde o início da pandemia nosso principal papel tem sido a articulação na orientação aos nossos associados. O sindicato tem buscado estar próximo das indústrias, levando informação o tempo todo, apoiando iniciativas e auxiliando na tomada de decisões”, revela Guidini.

Entre as medidas já adotadas estão a articular, juntamente com parceiros financeiros para maior celeridade na liberação de crédito, negociação de medidas de flexibilização de artigos da convenção coletiva com o sindicato laboral e participação ativa em reuniões com governos estadual e municipal.

 

Também foram estabelecidas medidas de parceria com instituições de apoio, como a Federação das Indústrias e o Sebrae para levar às empresas ações como consultorias e cursos online, com foco em planejamento, vendas, saúde e segurança no trabalho e associativismo.